terça-feira, 27 de agosto de 2013

O mau uso das redes sociais na campanha eleitoral de Santo Tirso.

As redes sociais estão na moda. Goste-se muito ou pouco, os canais de comunicação são cada vez em maior número e com diferentes impactos. Actualmente, uma das minhas ocupações é gerir redes sociais.

Saber comunicar para um grande público é apenas uma parte das tarefas. Saber escolher os conteúdos que partilhamos é muito importante: os cuidados com a aparência, a mensagem escolhida, o tipo de linguagem e o momento em que partilhamos.

Há várias técnicas para o alcance da nossa mensagem. Umas naturais, outras artificiais. E consigo identificar muito rapidamente o que teve natural impacto juntos dos utilizadores ou o que foi manipulado, para aparecer a mais pessoas.

O Luis Melo já escreveu no seu blog, Era mais um fino, o que pensa sobre este assunto. Afirma que não é ilegal, mas até é. A CNE informou os candidatos sobre uma série de limitações e em que a publicidade paga no facebook não seria permitido.

Vou deixar a minha opinião sobre isto e misturar algumas ideias que fui acumulando. A campanha digital entrou em força em 2013. É obrigatório estar presente, mas é preciso fazer bem. A uma empresa, fazer publicidade não chega. É preciso fazer BOA publicidade. A um político ainda mais.


E aqui começa uma série de erros. O design da grande maioria das publicações não é minimamente cuidado. A mensagem por vezes perde-se no mau alinhamento escolhido para o design. No entanto, a campanha entrava em ritmo de cruzeiro e como é política, os apoios surgiam, como é natural. Esta foto seguinte é um óptimo exemplo. A foto de capa, a mais vista pelo seguidores da página, porque está lá diariamente, tem a cara do candidato tapada pelo microfone.


As fotos apresentadas são partilhadas por amigos e familiares, os candidatos dão-se a conhecer, os elogios e as cartas de recomendação aparecem. O caminho escolhido pela grande maioria de candidatos a nível nacional, diga-se.

Até que, algo de muito estranho acontece. Há várias teorias que se podem construir sobre os motivos para impulsionar o número de gostos e de visitas às mensagens do candidato. Não sei, não quero especular sobre os motivos.

No entanto, há algo concreto a apontar. Tudo aponta para compra de publicidade ou para a compra de gostos (sim, já é um negócio receber uns cêntimos para se colocar gostos em páginas e publicações). Na parte legal, não me quero envolver. Estou mais do que habituado a ver os políticos a utilizar um decreto-lei XPTO/1 alínea 5 para dizerem que o que fizeram é correcto.

Quero focar-me nos resultados. A média dos gostos por publicação andava nos 30 a 40 likes, o que é o reflexo do impacto nos seus fãs da página. De repente, o vídeo de apresentação passa para os 650 likes e para uma série de partilhas. Wow. Fantástico. Era mesmo isto que as pessoas queriam, um vídeo.

Hummm... não, não é essa a realidade. Desse total de gostos, 80 a 90% vêm de estrangeiros. Indonésia em destaque. Chegou-se ao cúmulo de haver mais gostos na publicação do vídeo do que visualizações do youtube (no momento que escrevo, 618 visualizções, 690 gostos).

Cheguei a pensar que afinal Santo Tirso era muito conhecido na Ásia e que as pessoas se interessavam pelo que aqui se passa. Afinal não.

Foi apenas manipulação, uma tentativa de mais audiência às ideias do candidato. Correu muito mal. Ok, estas coisas do marketing digital nem sempre funcionam bem. Mas sabem o que me choca?

É que o candidato não tenha percebido o mal que isto lhe causa à sua imagem e que tenha permitido que a sua equipa de comunicação repetisse este procedimento, com destaque nas propostas políticas. Já passaram 7 dias desde a primeira tentativa de publicidade e continua ser usada noutras publicações. O que Alírio Cânceles pensa de Santo Tirso, tem muito mais impacto na Ásia do que no local onde deveria.

Além da legalidade e da moralidade, levanta uma questão muito mais importante e que já tinha tido um expoente máximo no panfleto da candidatura em que convida os cidadãos de Santo Tirso para uma apresentação que já tinha sido realizada 8 dias antes. Levanta uma questão de competência. Neste caso, de total incompetência no domínio de uma ferramenta tão importante como a via digital. E de incompetência na gestão de uma campanha, que me faz assumir que essa capacidade seria transportada para a gestão do município. O povo vai decidir nas urnas, mas para Alírio vencer, irá precisar dos votos asiáticos. De TODOS. Agora percebo o slogan.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Gangsters Indonesia: "Os crimes de guerra são decididos pelos vencedores. E nós ganhamos. E o que fizemos não é crime "

Fiquei várias vezes em estado de choque a ver este filme. Obrigado Luís e obrigado Daily Show por me darem a conhecer este fantástico trabalho de cinema mas acimda de tudo, de história.

The Act of Killing! está agora nos cinemas, é apresentado em forma de documentário e retrata uma sub-espécie quase humana - os gangsters indonésios, responsáveis pela "exterminação" de 1 a 2 Milhões de pessoas entre 1965 e 1966.

Ver que todo aquele regime está assente na mentira, no abuso do poder, na corrupção e no medo chocou-me muito mais do que aquilo que imaginava...

O ser humano é um bicho muito estranho, capaz de tudo... tudo! 




É impossível não associar este filme ao massacre de Santa Cruz, que me marcou bastante, na altura um miúdo com 14 anos. E leva-me a questionar, quantos países existem com ditadores que tudo permitem para que o seu regime se mantenha? Onde os seres humanos são obrigados a entrar na guerra, no "Kill or be Killed".

Aterrador ver todos os exercícios de graxismo que existe dentro deste tipo de sociedade e saber que os valores ocidentais, que tanto prezamos, logo ficam esquecidos se os montantes de dinheiro envolvidos são tentadores.
Ajuda a perceber porque os asiáticos são muito competitivos a nível de produção. "competitivos", aquela palavra bonita com que nos enganam para esconder a verdadeira - escravidão!

"Os crimes de guerra são decididos pelos vencedores. E nós ganhamos. E o que fizemos não é crime." - The Act of Killing!, 2012.