terça-feira, 12 de março de 2013

Málaga - FC Porto - Vamos precisar de um Costinha?

Hoje é dia de gala para os adeptos portistas. Jogamos na Champions e já só estão 10 equipas em prova, sendo que no final do jogo estarão apenas 8 em prova. Conseguirmos a qualificação é sinal de objectivos cumpridos, de termos feito a nossa obrigação e de dar início ao sonho de reconquistarmos o caneco mais importante do mundo do futebol.

Sim, a Champions é o troféu mais importante do mundo do futebol. Os campeonatos do Mundo e da Europa apenas decorrem de 4 em 4 anos e Portugal apenas conseguiu estar presente uma vez na final. Eu, como adepto, gosto de vitórias. Daí que a Champions League seja aquele momento em que todos os sonhos valem.

Como portista, tenho a enorme felicidade de ter vivido as duas vitórias, de as ter celebrado até à exaustão e com a feliz coincidência de ter nascido a 27 de Maio. Digamos que meu 10.º aniversário está gravado na memória e que o 27.º é o melhor de todos. Afinal  foram 11 horas de espera em plena Avenida do Dragão para receber os nossos heróis, a festejar rodeado de amigos e de portistas. Inesquecível.



É ainda muito cedo para começar a pensar na final, mas sem alimentarmos o sonho e a ambição, sem sabermos para o que vamos, mais difícil se torna a caminhada. E a verdade é que as equipas em prova dá-me alento para começar a sonhar. Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique estão num patamar acima do nosso. É verdade. Em jogos a duas mãos, somos claramente underdogs. Na final, andará sempre perto dum 50/50.

Uma equipa habituada a dominar

A nossa equipa tem uma identidade própria, muito forte e muito difícil de anular. Gostamos de ter posse de bola. Mas gostamos de atacar, de mandar no jogo, de comandar as operações. Já o disse várias vezes, o nosso ponto mais forte é a rapidez da recuperação de bola, eliminando situações de transição e ataques perigosos dos adversários. Lembram-se do 11 inicial do Málaga? 4 avançados, com o objectivo de tentar ter bola no nosso meio-campo, anulando a nossa recuperação rápida.

Qual foi o resultado prático? Não funcionou. Estivemos ainda mais motivados e estivemos sempre por cima. Foi o melhor exemplo de que há equipas que defendem não porque queiram, mas porque são obrigadas a isso. Se a ideia fosse defender dentro dos últimos 30 metros, não jogariam Isco, Júlio Baptista, Roque Santa Cruz e Joaquín de início.

Hoje, o jogo pode não ser muito diferente. O Málaga tem o apoio do seu público, mas se tentar fazer o seu jogo habitual, poderá ter as mesmas dificuldades que teve no Dragão. E desta vez temos o extra de não estarmos desesperados com golos.

O nosso 11

A boa notícia é o regresso do nosso maestro. Com ele, a qualidade da equipa sobe de forma exponencial. Com Moutinho de volta, temos o melhor meio-campo possível, com Fernando, Lucho e João. Não acredito que seja possível guardar Moutinho no nosso campeonato durante muito mais tempo, tal como James ou Jackson. Mas quero disfrutar ao máximo da sua presença e gostava de o ver jogar em Wembley, no dia 25 de Março deste ano.



As dúvidas no 11? Mangala ou Maicon, Varela ou Izmaylov. Na defesa, Maicon esteve melhor neste último jogo, Mangala estava muito forte antes da lesão, apesar de um ou outro erro mais infantil. Poderá ser a experiência a levar Maicon para o 11, sinceramente é uma incógnita para mim.

Sobra o ataque. Jackson está certo, James ainda não está na melhor forma, mas acredito que seja titular. Poderá ser guardado como reserva para ver como decorre a primeira parte, mas eu acredito que vamos marcar cedo e com James a qualidade aumenta imenso. Falta o outro lado. Varela tem peso no balneário, não está a fazer uma época brilhante, mas tem as características que VP considera importantes para logo à noite: prender a bola na frente e defender muito bem.

A minha principal preocupação é o lado direito da defesa. Se James fugir muitas vezes para o centro, Antunes pode criar desequilíbrios que coloquem Danilo em apuros. Por falar no brasileiro, o jogo de hoje é uma boa altura para mostrar o seu valor e o seu custo. Na primeira mão, esteve menos bem, mas hoje é um jogo bem diferente para ele.

E depois de Málaga?

Temos 8 finais pela frente na Liga Zon Sagres, com 5 jogos fora e adversários de respeito. Marítimo, Braga, Benfica e Nacional. Uma eliminação pode ter efeitos devastadores e a passagem vai complicar o calendário, colocando vários jogos no programa de Abril. Nada que seja uma novidade para nós, mas que levanta questões pertinentes. E no caso de passarmos e termos pela frente um dos underdogs da Champions, qual deve ser a nossa prioridade? Tentar vencer as duas competições e arriscar a ficarmos longe dos dois troféus? Dar primazia ao campeonato? O nosso plantel é curto. Sim, curto. Porque temos 5/6 jogadores de classe mundial e que não se substituem. Moutinho, Jackson, James, Fernando não têm companheiro à altura. Na defesa, apesar de termos apenas 5 opções, temos várias combinações que permitem não perder qualidade.

O sonho começa hoje!

Em 2004, admiramos Mourinho pelo seu pedido ambicioso. Venha o Manchester. Percebe-se hoje qual o sentido do seu pedido. Depois de eliminar os Red Devils, o seu trabalho de motivação com os jogadores tornou-se... simples. Bastava clicar em play, passar o vídeo do minuto 89 e aquilo mexia com os jogadores, como ainda hoje mexe com os adeptos. Que não seja preciso sofrer tanto, mas se for, os nossos adeptos estarão lá a puxar pela equipa na altura certa. Afinal de contas, não me lembro de ter estado tão perto de um ataque cardíaco como nesse dia. Eu e muitos portistas.



Vamos precisar de um Costinha?


Força Porto!


terça-feira, 5 de março de 2013

Março e as voltas do Universo

Numa conversa com um dos meus melhores amigos no presente, companheiro de sessões de trabalho e das poucas saídas que ainda consigo ter, disse-lhe que Março era o mês em que o Universo se movia em vários sentidos, que tudo começava a encaixar.

Ele riu-se e perguntou se isso implicava a explosão do universo. Mas espero que a metáfora que utilizei seja a correcta. Com algumas coisas a assentar nos seus merecidos lugares, com o panorama geral em que todos nos encontramos, esperança não nos pode faltar.

Estamos num ponto em que é preciso lutar com afinco para conseguir o que dantes era mais fácil. Não há como fugir a isso. É preciso colocar todo e empenho e profissionalismo e tentar melhorar a cada dia que passa. Mas também é a altura da opinião. Com impacto, sem ruído e sem desviar do essencial.

Não é fácil num país de novelas, habituado a ficção e em que se misturam argumentos reais com desejos menos realizáveis. Daí que, destacar quem consegue ser mais lúcido nestes momentos é fundamental. Mais do que pegar em 4 ou 5 textos de vários autores, apontar um erro pelo passado de todos, e aplicar o copy-paste porque se irá ter projecção ao dizer o mesmo que todos, importa ser o mais verdadeiro possível.

A Blogosfera está inundada de blogs. Sigo alguns com regularidade e ainda não faço ideia do que temas irei abordar aqui. Se será actualizado com muita regularidade ou não. Gostava, mas não prometo. Espero que a maior parte das vezes escreva por aspectos positivos. Pelo amigo que conseguiu por o negócio a andar que tanto esperava, pelo colega que deu a volta e arranjou um emprego, por alguém que foi promovido. Felizmente, conheço imensa gente com muitas qualidade em Portugal.

Os jornais gostam de sangue, de falar do árbitro e não dos jogadores, da troca de piropos entre políticos do que da discussão de ideias, das empresas que fecham do que das empresas que abrem. Muitas vezes, por facilitismo, o que condeno. Contar sempre a mesma história é mais fácil do que perceber os detalhes. E se forem 3 passos normais, como quebra de vendas, falta de pagamentos, falta de salários e mais desemprego, é fácil. Muito mais difícil é perceber o que leva tantas e tantas empresas a sobreviver. E a levantarem-se.

E destaco as empresas porque atrás vão uma série de famílias, de comunidades, que fazem a vida ter sentido. E porque em Portugal, país com 90% de PME, precisa que se dê o real valor ao que de bom produzimos. Temos uma geração que estudou, que viajou, que está em permanente contacto com o primeiro mundo com a TV e velocidade de internet que temos e que acumula conhecimento. Muitos não conseguem cumprir aqui os seus sonhos e procuram no resto do mundo global. Alguns por necessidade, mas muitos porque são melhores profissionais do que o resto do mercado.

Nenhuma empresa alemã contrata um engenheiro português em relação a um alemão que não seja pelo factor qualidade e rendimento. Se não gostassem, se não estivessem perfeitamente satisfeitos, já teriam trocado. Dinheiro não é problema e eles contratam os melhores. Os nossos.

Espero que possa ajudar algum conhecido, que precise de ajuda em alguma área que eu já tenha experiência, porque faz-me sentir realizado. E temos de perceber que o mundo, hoje em dia, funciona melhor em equipa. Em rede. Podemos gostar ou preferir ser mais recatados, mas é esta a realidade. As redes sociais permitem um fluir de informação que ainda não estamos com capacidade de analisar o impacto que terá na vida de imensas pessoas, daqui a 1,2 ou 3 anos.

Agora, é altura de por mãos à obra. De esta geração movimentar-se. De perceber o que podemos fazer por todos nós, de valorizar (finalmente) o colectivo em vez do individual. Warren Buffet diz que o poder está na classe média, quer os políticos o queiram admitir ou não. Que se aproxima a era de que são as pessoas que realmente mandam. Os Estados Unidos não são Portugal, mas temos gente muito capaz e muito lutadora. Já é altura de termos um pouco de sorte também.

Assim, que haja inspiração para escrever. Desde a política ao vídeo divertido, do futebol ao trabalho, das ambições de uma geração à realização pessoal. Caso contrário, nunca vão descobrir este canto. :)